Bênção e maldição
Para quem não é da cidade, não vive nela nem a conhece com intimidade, a percepção da violência no Rio de Janeiro é muito diferente: muito pior. Em São Paulo, graças a uma política de segurança eficiente, o crime e a violência tiveram quedas expressivas, enquanto cresceram as prisões e condenações, justo o inverso do Rio. É natural que os paulistas se assustem com a violência carioca, embora alguns, de tão apavorados, pareçam aqueles americanos que nos perguntam se no Brasil há cobras pelas ruas. Mas pernambucanos, mineiros e capixabas, que vivem em capitais com índices de violência maiores do que os nossos, não têm motivos para ter tanto medo de circular pela Cidade Maravilhosa. Mas têm.
A culpa é da mídia, que dá uma visão distorcida e exagerada, sempre dizem os que deveriam ser os responsáveis, confundindo mensagem e mensageiro para enganar quem paga a conta. Todos dizem isto, a diferença é como cada um reage: Hugo Chávez fecha os veículos. Mas a violência continua e cresce.
No Rio de Janeiro, dizem, é tudo culpa do tráfico de drogas, fonte, origem e irradiação de toda a violência e criminalidade que nos assolam. Mas por que cidades como São Paulo e Nova York, muito maiores e mais ricas do que o Rio, têm um mercado de drogas muito maior, mas índices de criminalidade muito menores do que o Rio de Janeiro? Por que as quadrilhas de traficantes paulistas ou novaiorquinos vendem cada vez mais drogas a mais gente, têm mais armamentos e dinheiro, mas não têm uma fração do poder que os traficantes favelados cariocas têm sobre a vida da cidade?
Não é só porque as polícias de São Paulo e de Nova York são mais eficientes e menos corruptas do que a do Rio de Janeiro. Seria tão primário quanto acreditar que só a pobreza e a ignorância geram a violência e o crime. Por que, então? Diante da paisagem deslumbrante, vê-se que o Rio de Janeiro também é vítima de sua geografia privilegiada, com o crime organizado dominando os morros e sitiando a cidade. A natureza, as praias cercadas de montanhas, são a maior benção do Rio. Mas, quem diria, também se tornaram a sua maior maldição.
CRÔNICA - NELSON MOTTA
Para quem não é da cidade, não vive nela nem a conhece com intimidade, a percepção da violência no Rio de Janeiro é muito diferente: muito pior. Em São Paulo, graças a uma política de segurança eficiente, o crime e a violência tiveram quedas expressivas, enquanto cresceram as prisões e condenações, justo o inverso do Rio. É natural que os paulistas se assustem com a violência carioca, embora alguns, de tão apavorados, pareçam aqueles americanos que nos perguntam se no Brasil há cobras pelas ruas. Mas pernambucanos, mineiros e capixabas, que vivem em capitais com índices de violência maiores do que os nossos, não têm motivos para ter tanto medo de circular pela Cidade Maravilhosa. Mas têm.
A culpa é da mídia, que dá uma visão distorcida e exagerada, sempre dizem os que deveriam ser os responsáveis, confundindo mensagem e mensageiro para enganar quem paga a conta. Todos dizem isto, a diferença é como cada um reage: Hugo Chávez fecha os veículos. Mas a violência continua e cresce.
No Rio de Janeiro, dizem, é tudo culpa do tráfico de drogas, fonte, origem e irradiação de toda a violência e criminalidade que nos assolam. Mas por que cidades como São Paulo e Nova York, muito maiores e mais ricas do que o Rio, têm um mercado de drogas muito maior, mas índices de criminalidade muito menores do que o Rio de Janeiro? Por que as quadrilhas de traficantes paulistas ou novaiorquinos vendem cada vez mais drogas a mais gente, têm mais armamentos e dinheiro, mas não têm uma fração do poder que os traficantes favelados cariocas têm sobre a vida da cidade?
Não é só porque as polícias de São Paulo e de Nova York são mais eficientes e menos corruptas do que a do Rio de Janeiro. Seria tão primário quanto acreditar que só a pobreza e a ignorância geram a violência e o crime. Por que, então? Diante da paisagem deslumbrante, vê-se que o Rio de Janeiro também é vítima de sua geografia privilegiada, com o crime organizado dominando os morros e sitiando a cidade. A natureza, as praias cercadas de montanhas, são a maior benção do Rio. Mas, quem diria, também se tornaram a sua maior maldição.
CRÔNICA - NELSON MOTTA
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